segunda-feira, 22 de junho de 2009

Recomendações sobre Material Didático
Autor: Gilberto Lacerda Santos

Recomendação 01:
Delimitar a situação-problema no âmbito da qual o material didático será desenvolvido
Delimitar a situação-problema corresponde a inteirar-se dos objetivos do curso (educação inicial ou continuada, educação formal ou informal, em ambiente escolar ou de trabalho etc.), das características da população-alvo, da natureza do conteúdo a ser veiculado, das distâncias a serem rompidas, da estrutura geral do curso (módulos, disciplinas, critérios de ingresso, tempo de duração, estratégias de avaliação, tutoria etc.), do suporte de base para a estruturação do curso (meio impresso, meio audiovisual, meio computacional etc.). Somente a partir dessas informações - e de muitas outras de mesma natureza - o responsável pela elaboração do material didático terá uma visão geral do espaço de trabalho que lhe é oferecido e poderá delineá-lo com precisão.
A delimitação da situação-problema pode implicar também no emprego de técnicas de análise das necessidades de formação, capazes de revelarem com precisão expectativas dos alunos, da sociedade, das entidades patronais etc. com relação aos objetivos do sistema de educação a distância que será elaborado.
Recomendação 02:
Conhecer a população-alvo
Uma vez definida a situação-problema, o elaborador inicia sua abordagem no sentido de resolvê-la, isto é, de elaborar o roteiro do material didático a ser desenvolvido. Ele necessitará, agora, conhecer com mais detalhes o público a que se destina o material didático, obter informações sobre seu grau de formação, sobre seu espaço de trabalho (em se tratando de formação em serviço), sobre sua dispersão geográfica e sobre as razões que o conduziram ao curso (motivações intrínsecas ou extrínsecas, demanda voluntária por formação continuada ou imposição patronal etc.). Dessa forma, o elaborador tentará traçar um perfil psicológico dos alunos para os quais o material se destina, evidenciando informações que lhe serão imprescindíveis para orientar - ou executar - os procedimentos de estruturação do material didático propriamente dito.
Para avançar no conhecimento da população-alvo, pode-se, inclusive, realizar uma coleta de dados mais sistemática (entrevistas, questionários, sondagens etc.). É importante que não se economize recursos para que os interlocutores do curso sejam devidamente conhecidos, para que o material didático que lhe será destinado seja revestido de pertinência, sentido e validade. Eis aí palavras-chave fundamentais para que se garanta minimamente a adesão e a persistência com relação ao curso a distância.
Aliás, é também fundamental que o sujeito envolvido na gestão de processos de elaboração de material didático para educação a distância evolua na formulação de uma concepção de educação a distância, que deve permear todo o material a ser desenvolvido. Tal concepção diz respeito à delimitação dos papéis de professores, tutores, material didático e alunos. Refere-se, também, à estratégia que será adotada no oferecimento de tutoria a distância e à realização ou não de encontros presenciais.
Recomendação 03:
Formular uma concepção de Educação a Distância e caracterizar o suporte a ser utilizado para a comunicação pedagógica
A formulação de uma concepção de educação a distância envolve o dimensionamento de toda a situação de ensino e aprendizagem que será promovida, visando o estabelecimento de parâmetros gerais para a condução das interações. Por exemplo, um curso a distância inteiramente veiculado através de redes telemáticas (Internet), dotado de um aparato tecnológico mais sofisticado, terá uma configuração distinta de um outro baseado em material impresso e com distribuição via correio.
Conseqüentemente, é importante que o suporte a ser utilizado para a viabilização do curso seja claramente compreendido pelo elaborador do material didático que, em função da dinâmica e das características do meio de difusão, deverá elaborar mensagens pedagógicas adequadas, promover a maior interação possível com o conteúdo estudado e assegurar-se de que a interatividade cognitiva será potencializada por meio da interatividade física.
Recomendação 04:
Definir objetivos do material didático
A definição clara e inequívoca de objetivos do material didático é um procedimento de grande utilidade, não apenas para situar alunos, professores e tutores com relação à natureza das interações ao longo do curso, mas, também, para orientar o trabalho dos elaboradores do material. Sem perder de vista as metas visadas, torna-se substancialmente menos complexa a tarefa de adequar conteúdo e forma em torno de leituras e atividades organizadas com um fim determinado: atingir um certo número de objetivos educacionais. Essas metas devem estar presentes em cada situação pedagógica proporcionada pelo material didático, em cada leitura sugerida, em cada referência fornecida, nos eventuais trabalhos em grupo e nos trabalhos individuais.
De fato, é a partir de objetivos bem definidos que o elaborador do material didático poderá estruturar o conteúdo a ser trabalhado, dividindo-o em temas e subtemas, em tópicos e subtópicos, dimensionar a quantidade e a qualidade de informações a serem disponibilizadas, selecionar estratégias e metodologias de avaliação etc. Convém ressaltar que a construção de conhecimentos por meio de um canal de comunicação qualquer é resultado da integração dos conhecimentos anteriores do sujeito, das características do canal e da estrutura do conteúdo pedagógico. Definir claramente tal estrutura é, portanto, um procedimento estratégico para a elaboração do material didático para educação a distância. Nesse sentido, um ponto fundamental desse empreendimento é a definição de uma macroestrutura do conteúdo, que se refere à explicitação do seu sentido global, permitindo o estabelecimento de uma estrutura hierárquica entre idéias e conceitos. A organização da macroestrutura do texto permite que o autor relacione e inter-relacione os diferentes elementos conceituais que constituem o “fio condutor” da mensagem a ser emitida, elementos estes necessários para que o autor reconstrua o texto e integre as informações nele articuladas sob a forma de conhecimentos.
Recomendação 05:
Elaborar auxílios internos e externos ao material didático
Os auxílios internos são atividades e procedimentos de apoio à compreensão do conteúdo, cuja realização está relacionada apenas com os recursos disponibilizados pelo próprio material didático. É o caso de um resumo, de um comentário ou de um exercício de recapitulação. Os auxílios externos são atividades e procedimentos cuja realização depende de elementos não fornecidos pelo material didático. É o caso da visualização de um filme, da leitura de um livro de apoio ou de uma consulta à Internet.
Normalmente, os auxílios externos, apesar de contribuírem grandemente para a retenção dos conteúdos propostos e de dinamizarem bastante a relação educativa, são prescindíveis à apreensão dos conhecimentos tratados no material didático. Isso porque sua realização pode não ser possível para todos os alunos, em todas as situações. Enquanto que os auxílios internos fazem parte da própria estruturação do conteúdo do material didático, os auxílios externos são apenas elementos de apoio às aprendizagens, de caráter não obrigatório, a não ser que as condições à sua realização sejam garantidas para todos os alunos.
Recomendação 06:
Formular atividades finais de avaliação e de revisão do conteúdo
Obtendo agora uma visão geral do produto a ser obtido, tanto em termos de forma quanto em termos de conteúdo, o responsável pela elaboração do material didático deve conceber exercícios de auto-avaliação, revisões, resumos ou atividades finais voltados para a retenção das informações comunicadas.
É importante que tais atividades proporcionem um reencontro do aluno com os objetivos anunciados no início de sua interação com o conteúdo, a fim de que seja estabelecida uma coerência interna e reforçado o fio condutor do trabalho.
Recomendação 07:
Adaptar linguagem e estilo e comunicação às características do público-alvo.
Outra recomendação importante é a adequação de conteúdo e forma, tendo em vista as características dos alunos e os limites e as possibilidades de trabalho. Nesse aspecto reside uma das chaves para o sucesso da comunicação a ser estabelecida entre emissor e receptor de mensagens, facilitando a interatividade cognitiva, objetivo maior a ser buscado, independentemente dos meios empregados no sistema de educação a distância.
Recomendação 08:
Na medida do possível, desenvolver o material no contexto de uma equipe interdisciplinar
E, finalmente, a oitava recomendação é a mais óbvia de todas. Tendo em vista a complexidade da tarefa anunciada, é fundamental que o material didático seja elaborado no seio de uma equipe multidisciplinar composta por indivíduos com competências específicas em educação a distância, no conteúdo a ser veiculado e em estratégias e tecnologias de comunicação aplicadas à educação.
Tendo em vista o exposto, pode-se construir a idéia de que a elaboração do material didático para educação a distância deve ser um procedimento integrado de ações de planejamento que subsidiem o trabalho dos diferentes componentes da equipe multidisciplinar.
A primeira ação de planejamento corresponde à elaboração do projeto pedagógico do curso, isto é, a identificação dos diferentes conteúdos a serem abordados para que os objetivos de aprendizagem sejam atingidos.
Em seguida, passa-se à elaboração de um projeto didático no qual é explicitada uma concepção de educação a distância que deverá permear todo o curso e orientar a produção e a seleção de todo o material didático que será empregado. O projeto didático compreende, também, a indicação de estratégias e abordagens metodológicas para dar forma às interações.
Depois, em função dos meios e recursos tecnológicos eleitos para a veiculação do curso, as ações de planejamento assumirão configurações distintas. Se a intenção for a de trabalhar com material impresso, será fundamental que seja formulado um projeto editorial, que orientará autores no sentido de integrarem, na redação de roteiros e de textos, os princípios gerais oriundos do projeto didático.
Em seguida, um projeto gráfico dará a forma final ao material, sendo que esta última ação de planejamento tem que estar em estreita consonância com todas as demais.
À medida que a opção seja por um material informatizado, videográfico ou radiofônico, os projetos editorial e gráfico serão substituídos por ações de planejamento relacionadas, por exemplo, com a roteirização de um software, com a produção e a edição videográfica ou com a locução radiofônica. No caso de um material didático impresso, o projeto gráfico, desenvolvido e aplicado por profissionais competentes, é de fundamental importância para tornar o material didático o mais ergonômico possível, facilitando, portanto, a interatividade cognitiva

Referências: Web, Global English Português
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A FORÇA DO ENSINO A DISTÂNCIA

Estreitar os vínculos das empresas com a universidade
Historicamente, a universidade sempre foi o lugar responsável por cunhar os processos de busca do conhecimento. Entretanto, isso mudou. As empresas assumiram alguns dos papéis tradicionalmente desempenhados pela universidade. Enquanto centros de inovação e aperfeiçoamento, em permanente estado de mudança, sua prioridade é agilizar soluções para melhoria de seus processos. Por isso, facilitar acesso ao conhecimento para os seus funcionários e colaboradores passou a ser também sua responsabilidade.
Isso explica o sucesso do ensino corporativo. As empresa têm pressa, querem resultados. Assim, qualquer modelo de ensino que alcance um grande número de profissionais e permita capacitação e atualização com velocidade e facilidades (a qualquer hora e lugar) terá grande chance para tornar-se uma fórmula de sucesso.
Se a educação é o passe para ingresso ao mundo corporativo, abraçar um projeto que contemple novas tecnologias para a educação a distância deve ser parte da missão de toda instituição de ensino. Com visão crítica e compromissada com os métodos de produção do conhecimento, a universidade deve enfrentar o duplo desafio de se renovar a si própria, para poder renovar a sociedade, resgatando o espaço tomado pelas empresas e se tornando mais ágil e flexível.
Há iniciativas nessa direção. Os professores começam a inovar seus métodos de ensino, se apoiando em novas tecnologias. Equipes multidisciplinares são formadas. Já há consenso que o ideal é mesclar aulas presenciais e a distância.
O professor foi, é e continuará sendo, presencialmente ou a distância, o elemento fundamental do processo de ensino e aprendizagem, mas com uma importante diferença: ele já não é auto-suficiente. O que se devia exclusivamente ao seu talento, agora deve ser cuidadosamente planejado e implementado. Há menos espaço para improvisação. Filmes, áudios, textos, roteirização e gestual passam a fazer parte da produção de uma aula.
O desafio é manter a excelência em um processo não puramente presencial, que preserve a interatividade entre o professor e o aluno, seja eficaz em seus resultados e viável para a escola desenvolver. Economicamente, busca-se viabilizar programas de educação a distância que não demandem investimentos milionários e possam ser continuamente ajustados e aperfeiçoados.
A “nova maneira de aprender” recusa formatos maçantes de comunicação. É preciso ficar atento ao que o mundo corporativo desenvolveu na área de comunicação e selecionar o que constitui modalidade aplicável à construção de aulas presenciais ou a distância, dinâmicas e interessantes. Ou seja, o importante é estreitar os vínculos das empresas, que são ágeis, práticas e inovadoras, com a escola, que é especializada, criteriosa e rigorosa em seus métodos de investigação.
O futuro é promissor, sugerindo a convergência entre diferentes formas de aprendizagem. A ponto pode estar no uso de ferramentas comuns, as novas tecnologias, que, utilizadas com sabedoria, poderão aprimorar o processo de desenvolvimento da sociedade.

Fonte: Jornal A Gazeta Mercantil-SP – Seção:Opinião – pg A-3 – 18/10/2002, por Ofélia M.Guazzelli Charoux,, Coordenadora pedagógica dos cursos de pós-graduação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Características do material didático em EAD

O material didático deve ser uma ferramenta básica de aprendizagem e como princípio necessariamente ser:
auto-explicativo: permitindo a auto-aprendizagem;
motivador: incentivando e estimulando ao estudo;
variado: senso adequado aos vários estilos de aprendizagem.

interatividade: permitindo ao aprendiz um papel ativo e proporcionando-lhe uma construção do seu aprendizado em nível de sensibilização diferenciado;
praticidade – possibilitando-lhe encontrar as informações para entender qualquer ponto que não tenha compreendido;
autonomia - permite que o aprendiz “navegue” livremente pelo material proposto implicando estruturação própria do seu conhecimento.

- partindo da idéia geral de que ele deve suprir a ausência do professor, possibilitando uma adequada interação do aluno com o conhecimento;
- deve estimular diretamente a aprendizagem ativa e auto-dirigida e oferecer sempre aos alunos as informações sobre seu desempenho necessárias para sua auto-avaliação e o redirecionamento de esforços.

- no material impresso especificamente destinado à educação a distância, é fundamental que se consiga estabelecer uma comunicação de mão dupla;
o estilo do texto deve ser dialógico e amigável: o autor tem que "conversar" com o aluno, criar espaços para que ele expresse a própria maneira o que leu;
isso significa dar ênfase mais à aprendizagem do que ao ensino, buscando desenvolver um aprendiz ativo e seguro em relação ao caminho percorrido;

- deve ser claro e enxuto, articulando o texto com as atividades e exercícios. É necessário incluir exemplos do cotidiano, de maneira a mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos. As atividades de estudo, bem como os exemplos podem integrar organicamente o texto, funcionando como recurso de tessitura num todo organizado.
REQUISITOS DE UM BOM MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO
Os requisitos de um bom material impresso para EAD, é necessário partir da análise do processo de ensino e aprendizagem tal como ele ocorre, na educação presencial, em que o calor humano e a possibilidade de observação direta facilitam:
- a sensibilização dos alunos para o que vai ser ensinado/aprendido;

- a apresentação do conteúdo e sua organização lógica;
- a percepção imediata pelo professor de qualquer problema quanto à compreensão do que está sendo focalizado;
- a correção pronta de enganos e erros;
- a informação ao aluno sobre seus acertos e dificuldades;
- a proposição de atividades complementares ou avaliação contínua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOULART, Denise Fernandes. Pedagogia e Educação a Distância. Disponível no site: [http://www.avertut.com.]. Acesso dia 28/07/2006.
SALGADO, Maria Umbelina Caiafa. Materiais escritos nos processos formativos a distância. Disponível no site: [http://www.avertut.com.]. Acesso dia 28/07/2006.
VALLIN, CELSO [et al]. Educação a distância via internet. São Paulo: Avercamp, 2003.

domingo, 7 de junho de 2009

O que é educação a distância?


É a educação por meio de tecnologias de informação e comunicação, onde o aluno e professor se encontram em lugares diferentes, mas mesmo a distância ocorre o processo ensino aprendizagem. Durante o péríodo de estudo não podemos esqueçer de envolver os seguintes elementos:
Separação entre professor e aluno durante a maioria do processo de ensino e aprendizagem, transmissão da informação entre a instituição que promove o curso e os alunos, através de meios institucionais; comunicação interativa entre a instituição que promove o curso, o aluno e o tutor.